O POÇO DA DÍVIDA

Mariano B. Marques

Certo viajante sedento passava pelo deserto quando avistou, ao longe, um casebre com um poço. Dirigiu-se para lá o mais depressa que pôde. Na placa pendente, o aviso aos que passavam por ali: POÇO DA DÍVIDA. No outro lado da placa estava a segunda parte do aviso, em letras pequenas, porém  visíveis. Mas quase ninguém lia: “Fácil de entrar, difícil de sair“.

O viajante podia beber puxando a água no balde aos poucos, mas, como estava pressionado pela sede e o calor, preferiu descer pela corda para dentro do poço. Bebeu à vontade e matou a sede cruel. Refrescou-se na água farta em compensação pelas agruras do deserto. Então, resolveu ficar ali dentro sem tempo determinado para sair.

Dias depois, o nosso personagem pensou em sair do poço e viver livre lá fora, pois embora o poço tivesse água abundante e refrescante, se fizera seu prisioneiro. Olhava sempre para cima e via a luz do sol brilhante lá fora. Porém, pensava em como sairia, pois o poço era fundo e as paredes lisas. E alguém havia puxado a corda para cima. E assim o tempo ia passando.

Um certo dia, uma caravana passou por ali. Alguns homens, percebendo que havia alguém no fundo do poço, jogaram uma corda comprida e forte o suficiente para o viajante subir por ela. Porém, ao balançar a corda frente aos seus olhos, nosso personagem hesitou em pegá-la, pois embora o fato de ser prisioneiro o incomodasse, pensava em como seria possível viver sem aquela preciosa água. Queria viver em liberdade, mas a sua vontade não era forte o bastante para sair daquele minúsculo mundo. Assim, entre abandonar o poço e ser livre, optou por deixar a corda subir sozinha.

Dias depois, o viajante descobriu que havia se esgotado a sua provisão de comida que carregava na mochila impermeável. Só então percebeu que o poço lhe dava água, mas não comida. E olhou para cima na vã esperança de que a corda, quem sabe, ainda estivesse pendente esperando por ele. Mas viu apenas as paredes do poço e a luz do sol lá fora.

Passado não muito tempo, uma nova corda descia poço abaixo em busca daquele homem. Porém, para surpresa dos benfeitores anônimos, logo foi puxada sem ninguém. Gritaram para dentro do poço e ouviram de volta uma voz fraca e rouca:

– Por favor, me deixem ficar aqui!…

O poço o havia viciado. Nosso viajante acreditava que não conseguiria viver sem ele. Optou por fazer do Poço da Dívida o seu mundo e a sua maneira de viver. Aos poucos foi definhando, e finalmente morreu afogado.

Coisa semelhante acontece àqueles que se viciam nas dívidas: acreditam que não podem viver sem elas. Por isso, quando se livram de uma, arranjam logo outra.

Dever pode ser uma necessidade em certos casos. Mas para a maioria das pessoas da nossa sociedade consumista é um vício psicológico e emocional na busca de suprir outras necessidades internas. E se acostumam – ou melhor, se drogam – a viver nesse círculo vicioso.  E quando têm a oportunidade de ficar sem dívidas…só ficam sossegadas quando se drogam novamente. E assim, vivem e morrem afogadas em dívidas. Não é o seu caso, é?

Crédito da imagemhttp://images.ask.com

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O POÇO DA DÍVIDA de Mariano Barroso Marques é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil.
Publicado em  www.marianobmarques.wordpress.com.

23 respostas em “O POÇO DA DÍVIDA

  1. A paz do Senhor Jesus,Pr.Mariano,gostei muito da resposta que o senhor deu à Gersonita,atualmente eu me encontro nesse poço,porém já estou segurando a primeiro corda para sair dele,que é essa reflexão que o senhor escreveu,tenho certeza que não foi em vão que você pôs essa reflexão no seu blog;e sim foi direcionado por DEUS.Boa noite.

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    • Maravilha, Antonio! E você vai sair. E comece logo a orar a Deus pedindo que desenvolva no seu coração fé para pedir a Ele e paciência para esperar nele quando precisar de alguma coisa. Depois de muitos anos viciados em resolver nossos problemas do dia a dia nos endividando seremos muito tentados a continuar nesse círculo tão logo surja a pressão de uma necessidade mais forte. Esse caminho de volta para sair do poço e continuar fora dele, devemos trilhar de joelhos. Deus abençoe vc nesse seu propósito. Obrigado pelo comentário.

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  2. …O mundo precisa como lições de vida,destas verdade que vc compartilhar conosco,mestre Mariano,Isto é a conduta de um discípulo; convencer ,ajudar e ensinar pessoas,sei que Deus te recompensa .
    Conheço o poço de dívidas já estive lá,realmente é fácil e gostoso entrar ,mais quase que impossível de sair,e nem sempre á alguém que estenda uma corda pra nos tirar.Porém para quem vive com Cristo há sempre uma mão forte e braços extendidos pra salvar.Como no meu caso,está mão forte me resgatou,me dando coragem e inteligência para sair das divídas,e ainda me deu o domínio próprio para que não entre mas no mesmo poço.

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    • Que maravilha, Gersonita! Vc já esteve nessa situação, saiu pela
      graça do Senhor e se propôs a nunca mais voltar para lá. Também já estive nesse poço durante décadas. A partir do dia que o Espírito Santo pôs no meu coração o propósito de viver sem dividas, combinei com minha esposa fazer a nossa parte para mudar o nosso estilo de vida. Com oração, paciência e muita determinação e disciplina no uso do dinheiro, ainda passamos dois anos até ficarmos livres. Graças a Deus, de lá para cá – já faz cerca de dez anos – quando precisamos de alguma coisa e não temos o dinheiro, não apelamos para cheque especial (passamos a chamá-lo de cheque maldito), cheque pré-datado nem cartão de crédito. Ao invés disso, levamos nossa necessidade ao Senhor em oração e ficamos esperando até que Ele nos supra SEM DÍVIDAS. Aprendemos a viver assim, e é libertador, maravilhoso!

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  3. Adorei Pr. Mariano, sei o quanto é difícil sair desse poço, mas não impossível! Conheço pessoas que vive nesse poço, e é triste, pois não aceitam ajuda!
    Sei que com Deus nada é impossível!

    Abraço,

    Ir. Leandro Farias
    ADET Vicente Pires

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  4. Olha, Mariano, você é simplesmente “show”. Amei o seu blog, os seus textos e tudo enfim. Parabéns!. Beijos da sua amiga, menor de todas,
    Azenate

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