OBRIGADO, PROFESSOR ROCK – UMA LIÇÃO DE COMUNICAÇÃO EFICAZ

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Mariano B. Marques

Rock é o cão de estimação do meu tio Quinca e minha tia Didi. Ele é um daqueles cães grandes, dóceis e amigos que todo mundo quer ter – se gosta de cães, é claro.

Certo dia, pela manhã, eu estava sentado numa espreguiçadeira lendo, na área da frente da casa dos meus tios, e o Rock estava deitado junto ao portão, olhando para os transeuntes que passavam na rua.

Parei de ler por um pouco, e o chamei: “Rock!”. Ele se levantou rápido e  veio na minha direção com nítida expressão de alegria. De repente, no meio do caminho, um outro cão late na rua. O Rock, sem titubear, empina as orelhas, gira rapidamente e sai correndo para o portão, respondendo com um latido, e depois outros. Fiquei pensando: Por que o Rock desistiu do meu chamado tão rapidamente? E logo encontrei a resposta: Continuar lendo

ESCASSEZ E ESPERANÇA

Superlua no céu da cidade de Bonito (MS) (Foto: Gisele Pimenta / Estadão Conteúdo)

Mariano B. Marques

Prateada, reluzente, linda, majestosa!…

O luminar celeste enche a nossa noite da sua gloriosa claridade. Pode-se ver o chão, a areia, quase como à luz do dia.

O céu lindamente adornado de milhares de estrelas pequeninas, brilhantes, distantes, parece piscar alegremente os olhos em alegre celebração da vida, do universo, do Criador. É algum dia de algum mês do ano de 1960 numa pequena aldeia no meio da mata, no sul do Maranhão.

Na gostosa algazarra no terreiro da nossa casa de palha, no coração da mata, nossos olhos de meninos cheios de fantasia viajam, velozes como a luz, milhares de quilômetros no espaço sideral imenso, sem fim. Incontáveis imagens de seres Continuar lendo

QUAL O NOSSO FRUTO?

Mariano B. Marques

“…toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo”

(Mateus, 3.10).

Logo que você atravessava o canavial, lá estavam as velhas e altas mangueiras servindo de guarda-sol para o pequeno riacho que regava  suas raízes o ano todo.

 Lá em cima, na ponta dos galhos das copas frondosas, os periquitos, com sua plumagem verde e gritos estridentes, faziam a festa  se deliciando com as polpas macias cortadas por seus biquinhos agudos. Chegavam e saíam em bandos esvoaçantes para o delicioso cardápio. Mas muitas mangas caiam durante a noite, e eram sempre uma pequena e doce alegria para quem as achava.

E quando eu estava debaixo de uma mangueira carregada de frutos, a única coisa que eu esperava ver era manga – porque é isso o que mangueiras dão. Mas, o que me impressionou na última vez que visitei os Morrinhos, quarenta anos depois, Continuar lendo

BRIGA NA CACIMBA

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Mariano B. Marques

 Eu, oito anos de idade.

Minha família e eu  morávamos num pequeno lugarejo incrustado no meio da mata, no  Sul do Maranhão, Nordeste do Brasil.

Carros? Só quando um caminhão esporádico passava na estrada de areia cortando o povoado. Aí todo mundo corria para ver o ilustre visitante sobre rodas. A garotada se divertia correndo atrás e engolindo poeira. E eu gostava do cheiro da gasolina.

Avião? Sim, no céu azul distante, tão alto que mais  parecia um pássaro prateado. Mas, curioso!… eu pensava que um dia viajaria Continuar lendo

A RÃ E O GIGANTE

Mariano Marques

Meu sobrinho, jovem atlético de  um metro e oitenta de altura, estava lavando o banheiro da nossa casa e, eu, assistindo ao jornal na televisão, no quarto ao lado. De repente, ele grita lá do banheiro:

-Tio, vem cá! Vem ver uma coisa!

Corro para lá, e o que vemos? uma pequena rã assustada e confusa, saltando sem direção certa, procurando fugir pelo chão molhado. Encolhe-se o mais que pode num dos cantos, colada à parede, como que implorando misericórdia.  Mais que depressa, o meu sobrinho desce o rodo sobre o minúsculo animal, com a intenção nítida de matá-lo. Para sorte dela, ele  errou o primeiro golpe.

–         Espera aí, você vai mata-la? – pergunto rápido, quando já se preparava para o segundo golpe, que poderia ser certeiro e fatal.

–          Sim, vou! –  responde.

–         Espera aí, a bichinha também Continuar lendo

DUELO DE MENDIGOS

Mariano B. Marques

Agitada São Paulo, ao cair da tarde. Rua Ana Cintra, Largo da Estação do metrô Santa Cecília.

Meio perdido, já cansado de procurar o prédio onde estava hospedado, ando sem rumo certo nas imediações.

Num instante, uma cena curiosa me faz parar e a todos que passam por ali: um duelo de mendigos.

O mais velho, de barba crescida e em sujos farrapos, deitado de costas à beira da calçada, coloca na boca, com mãos trêmulas, alguma coisa parecida não sei com quê, mas é comida.

O mais jovem, de pé, em trajos semelhantes, apoiando-se numa muleta velha, chuta, com os pés sujos e calçados com um desgastado par de havaianas, o quase ancião. Vários golpes no corpo e, depois, com olhar de general conquistador, pisa o peito do adversário com o pé direito. Em seguida, Continuar lendo

LÁGRIMAS DE WANALLY

Mariano B. Marques

Fevereiro vinte e cinco, sete da noite. Ano dois mil e doze.

Encosto o meu corsa na vaga do estacionamento. Minha esposa e eu saímos do carro e nos dirigimos à entrada do salão de festas.

Quem nos recebe na porta? Um jovem vestido com muita elegância, de sorriso largo e cativante. Abre bem os braços e nos acolhe em calorosas boas-vindas. É Douglas, o noivo, o mais feliz da nossa galáxia.

No salão, arranjos de flores brancas e vermelhas em todas as mesas. Está lindo e aconchegante.  Às mesas redondas, convidados conversam com entusiasmo. Elda e eu também entramos no clima.

Todos à espera da grande estrela da festa.

Uma hora depois, um clima de suspense invade  o ambiente. Continuar lendo

CICATRIZES DA ALMA

Mariano  B.Marques

O choro agonizante de dor cortou a mata escura e densa. E era de bebê.

Estávamos no meio do caminho, já de volta para casa. A luz escassa da lamparina alumiava nossos pés na vereda estreita.

Voltávamos da casa de minha irmã mais velha, Maria, onde fomos buscar alguma coisa rapidinho,  não me lembro o quê. Eu e meus irmãos, todos  ainda pequenos, e mamãe.

Andamos, corremos o mais rápido possível até Continuar lendo

CUIDADO COM AS “LAGARTAS” DE SUA VIDA!

 Mariano B. Marques

Ao ler a  história a seguir,  você pode até achar que estou exagerando. Mas não estou. Acredite, esta não é uma daquelas do tipo “história de pescador”. É real. E aprendi mais com ela do que poderia imaginar. Quem sabe você vai também aprender alguma coisa!…

Contudo, aviso aos navegantes: se você detesta lagartas, talvez seja bom parar por aqui. Porém, se a sua curiosidade é maior do que seu desgosto por lagartas…

Tudo começou hoje pela manhã, Continuar lendo

ORAÇÃO PELOS GARIS

Mariano B. Marques

Chove. Faz frio lá fora.

Toca a sirene encerrando as aulas da noite na faculdade. Os alunos congestionam os corredores dirigindo-se para o  hall de saída, naturalmente ávidos por chegar em casa, tomar  um banho quente, trocar de roupa, lanchar e depois se recolher para o belo sono nas suas camas macias.  Em meio à pequena multidão andante, também me dirijo ao portão de saída.

 Vou caminhando pela rua, também movimentada de alunos e carros. Ao dobrar a primeira esquina, Continuar lendo